Yoga Sutras de Patanjali: a compilação da sabedoria prática e filosófica do Yoga
O anonimato é típico dos grandes sábios da Índia antiga, por
isso, pouco se sabe das origens de Patanjali. Acredita-se que ele viveu por
volta do século II aC e também teria escrito sobre Ayurveda (o antigo sistema indiano de medicina)
e a gramática sânscrita. Há quem considere que os sutras são resultado de um
trabalho de grupo, com a autoria atribuída a algum professor mais velho.
Em nenhum momento Patanjali menciona o nome de um único
ásana (postura), apenas especifica as características de um bom ásana. "A
postura deve ser estável e confortável" (II.46). Na prática do yoga, ásana
é a arte de ficar parado ou em uma postura útil para a
flexibilidade e vitalidade do corpo, cultivando a capacidade de perceber a si mesmo. Portanto, a obra Yoga Sutras não é um tratado de hatha yoga (yoga baseado na prática das posturas), mas sim sobre a meditação para que o corpo não perturbe sua mente. Patanjali não aborda o método de transcender pelo corpo.
Sabemos que um grupo de 84 ásanas clássicos (que teria sido ensinado
pelo deus Shiva, patrono do yoga) é mencionado em vários textos clássicos.
Apesar disso, no século XX, alguns yoguis publicaram compilações de 66 posturas
básicas e 136 variações ou ainda 908 posturas e 1.300 variações. Um número que não é definido, como a mesma liberdade dos yoguis que, há 5 mil anos, elaboraram posturas inspirados nos movimentos dos animais. Por isso,
muitas delas trazem nomes como postura do “cachorro”, do “gato”, do “corvo”, da
“cobra”, por exemplo.
Voltado a obra, no capítulo I do Yoga Sutra de Patanjali trata do caminho
da iluminação e aborda a integração do ser à sua natureza essencial, o fenômeno
da consciência (sono, memória, imaginação...) e que para alcançar essa
estabilidade é preciso praticar o desapego.
No capítulo II é tratado o caminho da prática, detalhando os
meios para atenuar os obstáculos (kleshas) e produzir o êxtase da meditação
completa (samadhi). Ele explica que as grandes aflições são resultado da
ignorância, egoísmo, paixão, aversão e desejo de viver com apego. “O sofrimento
que ainda não veio pode ser evitado” (II.16). A libertação (kaivalya) da
ignorância (avidya) é feita por meio do discernimento (viveka). Em seguida, ele
relata os estágios para atingir esse objetivo, como os yama (restrições) e
nyama (observâncias), princípios universais que alicerçam a vida do yogui.
Os poderes desenvolvidos a partir do yoga por meio da
abstração dos sentidos, concentração, meditação e, finalmente, do alcance do
samadhi (contemplação) são abordados no capítulo III. O processo todo de meditação é chamado de
controle da mente (sanyama). Quando se percebe essa realidade ao controlar a mente, transcende-se o processo da natureza.
A quarta e última parte do Yoga-Sutra de Patanjali trata
do caminho para a suprema libertação e finaliza esclarecendo que para atingi-la, os gunas (as qualidades de prakriti - aspectos da natureza)
entram em equilíbrio, e purusha (alma suprema) estabelece sua verdadeira
natureza, de consciência pura. Perceba que Patanjali trata da filosofia dual (dvaita), propondo a dualidade entre atma (alma), e o divino (Brahman). Por isso, muitos praticantes de yoga que seguem a filosofia não-dual, não tomam essa obra como base de estudos.
Portanto, trazendo para nossa realidade, alcançar essa libertação é o caminho, a prática. Cada um pode começar em
diferentes níveis de espiritualidade ou de controle da mente. Patanjali destaca “Mentes
diferentes percebem de modo diverso, devido a natureza singular de cada mente
que observa” (IV.15). Se você só consegue meditar por um minuto, já é um
começo. Se consegue fazer apenas as posturas mais fáceis do yoga, já é a prática em si. Antes de tudo, pratique jñana
yoga (o yoga do conhecimento, quando se busca ler e pesquisar sobre o
assunto e sobre si mesmo), pois os resultados virão para revelar a sua verdadeira essência.
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