As fases da lua e a prática de yoga
Observar as fases da lua para realizar determinadas
atividades é uma tradição milenar em diferentes culturas e uma maneira de honrar os ritmos da natureza para que possamos viver em harmonia. O sol e a lua exercem
uma atração gravitacional na Terra e criam diferentes experiências energéticas. Enquanto a tradução de hatha yoga, é força, no sentido de esforço físico e mental, há uma interpretação esotérica para as sílabas ha (Sol) e tha (Lua) explicando o equilíbrio dos
aspectos masculino e feminino. O conceito masculino representa o Sol, quente e ativo, e o conceito feminino é a Lua, refrescante e receptiva. O movimento da lua, e sua influência em nosso corpo e mente, também pode ajudar a organizar a escolha da prática diária de yoga.
A lua nova favorece a introspecção que nos permite desacelerar. Essa é a fase em que a lua não aparece no céu, também chamada de lua negra, no sentido da escuridão que incide sobre ela. Nessa fase a lua está mais afastada da Terra e mais próxima do Sol, em conjunção com ele, se identificando com o elemento fogo. Na comparação com arquétipos, é a Anciã que cultiva o que mais importa de acordo com a sabedoria interior, deixando que sua intuição esteja mais evidente. Na relação com o ciclo menstrual, corresponde a fase da menstruação, com hormônios em baixa e necessidade de descanso. O importante é tirar ao menos um dia pra relaxar e nutrir-se internamente, pois essa fase está associada ao final do inverno, momento de preparar para renascer. Durma um pouco mais, faça coisas que você se sinta mais conforto. Nas antigas tradições esse é um período com potencial para focar o autoconhecimento e meditar sobre como você se sente e como você está dirigindo a sua vida. Para as práticas de yoga, busque posturas restaurativas, yoga nidra, yin yoga e meditação. Os yogues acreditam que é uma oportunidade para estabelecer novos objetivos ou começar a cultivar novos hábitos positivos. Durante a lua nova, no mês de fevereiro, os hindus comemoram o festival Maha Shivaratri (a grande noite de Shiva) em homenagem ao deus patrono do yoga. O evento tem foco introspectivo e envolve atividades como jejum, meditação, auto estudo, harmonia social e uma vigília a noite nos templos de Shiva.
A lua crescente nos enche de criatividade e ação, porque à medida que a lua está se tornando mais completa, os projetos estabelecidos durante a lua nova estão ganhando impulso e exigem que você coloque suas intenções em ação. Essa fase é associada à primavera e ao arquétipo da Donzela, a mulher jovem, ressignificando otimismo, novas ideias e novos começos. No ciclo menstrual feminino corresponde a fase folicular, com a retomada da energia e a taxa hormonal crescendo, trazendo a tendência de se sentir mais produtiva, aberta às novidades. É uma fase regida pelo elemento terra, quando ela começa a se tornar mais visível no céu e inicia sua trajetória em direção à Terra. No yoga é um bom momento para permitir que o corpo se renove em práticas mais fluidas ou fortes, buscando disposição para fazer acontecer.
A lua cheia é um momento de emoções e sentimentos mais intensos e acelerados. Essa fase ganha a representação da estação do verão e do arquétipo da Mãe, símbolo da colheita do que foi produzido a partir das sementes plantadas na lua nova (os novos projetos e novas ideias). Esse é o momento em que sua energia está no estágio mais alto. Em uma comparação ao ciclo menstrual, é a fase da ovulação, uma oportunidade de celebração e consolidação das intenções que você estabeleceu durante a lua nova. A terceira fase da lua é regida pelo elemento água, quando ela faz oposição ao Sol e se encontra mais próxima da Terra, criando um momento propício para lidar com questões emocionais, espirituais ou sutis. Essa fase exige uma prática de maior fluidez, como vinyasa yoga. Também é possível trabalhar técnicas de vibração do som (mantras ou gongos, por exemplo) porque limpam nosso subconsciente. Como cada pessoa tem uma percepção diferente do que precisa, algumas tradições recomendam trabalhar práticas meditativas e posturas restaurativas para acalmar esse momento mais energético. Neste período se realiza o festival hindu Guru Purnima quando são celebradas homenagens em gratidão a mestres e gurus.
A lua minguante é o fechamento do ciclo. Essa fase é associada ao arquétipo da mulher Selvagem, aquela que sabe, que é espontânea, livre e está em sintonia com seus instintos e a própria natureza. É o momento de deixar ir aquilo que não lhe serve mais, assim como o outono deixa as folhas secas caírem. Essa fase é regida pelo elemento ar, quando a lua se desfaz de sua forma. Um momento apropriado para discernir sobre o que sai e o que permanece em sua vida. Está conectada a fase lútea no ciclo menstrual (a TPM), um final de ciclo que deixará você mais cansada e sem energia. A lua está com sua luz reduzida, assim como os hormônios estão mais baixos. Uma fase propícia também para livrar-se de influências negativas como vícios, relacionamentos tóxicos, medos e crenças limitantes. É o momento de desapego, criando espaço para algo novo. Na prática de yoga, observe algo mais desafiante para extravasar essa energia, em mais um momento de explorar as profundezas de você mesmo.
Na tradição do Ashtanga Yoga deve-se descansar na lua cheia e na lua nova, porque nestes dias o sol e a lua estão com suas forças gravitacionais mais fortes. Um exemplo disso é que as marés estão mais altas ou baixas nessas fases. Portanto, para quem segue essa tradição, são dias para um descanso importante para a regeneração do corpo.
Essa descrição de cada fase associada à prática de yoga não significa que deve ser sentida por todos, pois podemos estar energizados ou desacelerados em diferentes fases da lua, mas é uma ajuda para trabalhar diferentes níveis de saúde emocional e física, além de promover a conexão com o Eu e o Universo. Mesmo que não acredite na influência dos ciclos lunares, dê uma chance de fluir com o ritmo da natureza, e você pode encontrar respostas sobre seus próprios ritmos.
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